Canteiro
no vão que faz o vestido
quando afunda entre as pernas
pus as pequenas pedras
e agora invento uma cidade
que pode uma mulher
quando arquiteta um templo
sem que lhe dobre o punho
sem que lhe pese o colo
sem que se parta em muitas?
as menores coisas
dei de mover uma a uma
Curva
e se em vez de arranhar o espelho
eu pusesse a mão sobre a nuca
e ante a curva do meu ombro esquerdo
o amor escorresse lentamente?
e se em vez de partir
mil flores de nada
mil versos de quando
mil cacos em tudo
teus dedos pudessem
toda sombra todo muro
toda estrada todo monte
empurraríamos a pedra?
Entre
a fera repousa agora
no imenso deserto que invento
entre a boca e o colo
mas quando suas garras
cruzarem o escuro
abrirei a porta
e beijarei seus olhos
até que me queira
até que me cale
até que me diga
tenho, tenho que acordar
* excepcionalmente, a colaboração do Conchine em fevereiro saiu no primeiro domingo de março. No último domingo desse mês voltaremos com a programação normal. ;)
Daniela Delias nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul. Em 2012 publicou seu primeiro livro de poesia, Boneca Russa em Casa de Silêncios, pela Editora Patuá. Em 2015, pela mesma editora, publicou Nunca estivemos em Ítaca, também de poesia. Tem poemas publicados no Livro da Tribo, em revistas literárias e no blog de poesia Sombra, Silêncio ou Espuma (danieladelias.blogspot.com.br). É também psicóloga e professora universitária. Mora na Praia do Cassino, em Rio Grande.
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